segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Antes do Dia Partir...

O que valeu a pena hoje?
Sempre tem alguma coisa. Um telefonema. Um filme...

Paulo Mendes Campos, em uma de suas crônicas reunidas no livro "O Amor Acaba", diz que devemos nos empenhar em não deixar o dia partir inutilmente.

Eu tenho, há anos, isso como lema.

É pieguice, mas antes de dormir, quando o dia que passou está dando o prefixo e saindo do ar, eu penso: o que valeu a pena hoje? Sempre tem alguma coisa.

Uma proposta de trabalho. Um telefonema. Um filme. Um corte de cabelo que deu certo.

Até uma briga pode ter sido útil, caso tenha iluminado o que andava escuro dentro da gente.

Já para algumas pessoas, ganhar o dia é ganhar mesmo:

ganhar um aumento, ganhar na loteria, ganhar um pedido de casamento, ganhar uma licitação, ganhar uma partida.

Mas para quem valoriza apenas as megavitórias, sobram centenas de outros dias em que, aparentemente, nada acontece, e geralmente são essas pessoas que vivem dizendo que a vida não é boa, e seguem cultivando sua angústia existencial com carinho e uísque, mesmo já tendo seu super apartamento, sua bela esposa, seu carro do ano e um salário aditivado.

Nas últimas semanas, meus dias foram salvos por detalhes.
Uma segunda-feira valeu por um programa de rádio que fez um tributo aos Beatles e que me arrepiou, me transportou para uma época legal da vida, me fez querer dividir aquele momento com pessoas que são importantes pra mim.

Na terça, meu dia não foi em vão porque uma pessoa que amo muito recebeu um diagnóstico positivo de uma doença que poderia ser mais séria.

Na quarta, o dia foi ganho porque o aluno de uma escola me pediu para tirar uma foto com ele.

Na quinta, uma amiga que eu não via há meses ligou me convidando para almoçar.

Na sexta, o dia não partiu inutilmente, só por causa de um cachorro-quente.

E assim correm os dias, presenteando a gente com uma música, um crepúsculo, um instante especial que acaba compensando 24 horas banais.

Claro que tem dias que não servem pra nada, dias em que ninguém nos surpreende, o trabalho não rende e as horas se arrastam melancólicas, sem falar naqueles dias em que tudo dá errado: batemos o carro, perdemos um cliente e o encontro da noite é desmarcado.

Pois estou pra dizer que até a tristeza pode tornar um dia especial, só que não ficaremos sabendo disso na hora, e sim lá adiante, naquele lugar chamado futuro, onde tudo se justifica.

É muita condescendência com o cotidiano, eu sei, mas não deixar o dia de hoje partir inutilmente é o único meio de a gente aguardar com entusiasmo o dia de amanhã...

Martha Medeiros, jornalista e escritora gaúcha

LANTERNA DOS AFOGADOS...



Uma das maiores bandas de rock nacional, Os Paralamas do Sucesso são conhecidos por fazerem músicas agitadas, mas a capacidade de Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone é tão grande, que músicas mais calmas e lentas  são feitas e tocadas de forma primorosa, Lanterna dos Afogados é um exemplo, uma música triste, que se tornou o hino paralâmico. O nome Lanterna dos Afogados vem de um capítulo do livro “Jubiabá”, de Jorge Amado. O capítulo retrata o bar Cais do porto, onde as mulheres dos pescadores esperavam os seus maridos com lanternas, para ajudá-los a achar o caminho certo. A letra é real e retrata a vida de muitas pessoas, somente gênios do nível de Herbert Vianna conseguiria escrever a história em apenas dez minutos.


Reitor quer suspender vestibular para núcleos avançados da UERN.



Um assunto no mínimo polêmico voltou a ser discutido na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Durante reunião sobre o Processo Seletivo Vocacionado de 2014 (PSV), com seus pró-reitores, o reitor Pedro Fernandes teria sugerido a suspensão das vagas para os núcleos avançados da instituição espalhados por 11 municípios do interior. Em contrapartida, teria pedido a ampliação das vagas para o curso de Medicina, considerado o mais caro mantido pela instituição. O assunto será apresentado para discussão na próxima reunião do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE), prevista para o dia 17.

A informação foi confirmada pela pró-reitora de Ensino de Graduação (PROEG), Inessa da Mota Linhares Vasconcelos, e pelo coordenador da Comissão Permanente do Vestibular (COMPERVE), José Egberto Mesquita Pinto Júnior, mas nenhum dos dois quis entrar em detalhes, deixando para o reitor o assunto. A reportagem tentou manter contato com Pedro Fernandes através do telefone, mas foi informada que ele estava em reunião. Depois de muito insistir, Egberto disse apenas que a proposta da reitoria não é fechar os núcleos, mas “reorganizar e repensar o modelo”.

Outras informações dão conta de que seria apresentada ao Consepe a situação dos núcleos, apontando quais deles são viáveis, além de mostrar que, desde os últimos cinco anos, eles não estão apresentando demandas. Haveria possiblidade de se manter vagas apenas para os cursos que tenham maior constância. Por outro lado, aumentar as vagas de Medicina iria ao encontro da demanda, tendo em vista o número de 100 candidatos por vaga nos vestibulares.
 
O pedido de suspensão do vestibular para os núcleos pegou de surpresa as lideranças do interior. Em Apodi, que recentemente conquistou a aprovação de um campus avançado da Uern, o presidente da Câmara Municipal, João Evangelista, disse que a medida é um contrassenso à proposta da universidade e que será uma perda muito grande para a região. “Atualmente, temos ônibus indo com 90 universitários para Mossoró e, recentemente, o prefeito pediu recursos para mais dois ônibus”, destacou.

Bancos públicos do RN abrem na terça-feira.



Responsável pelo pagamento de benefícios como Bolsa Família, Auxílio-Desemprego, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), prêmios das loterias, além de análise dos dossiês das famílias de baixa renda sorteadas com imóveis do Minha Casa Minha Vida, a Caixa Econômica Federal chegará nesta segunda-feira ao 26º dia de greve em alguns Estados brasileiros.

Levantamento feito pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) mostra que a greve dos funcionários da Caixa, iniciada no final de setembro, ainda perdura sete estados: Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Bahia, Ceará, Paraíba, Sergipe e Alagoas. Sindicatos ligados a Conlutas acrescentaram mais alguns: Maranhão, Santa Catarina, Mato Grosso e Pará. O levantamento mostra ainda que a greve é geral em dois bancos cujo foco de atuação é direcionado ao desenvolvimento regional: o Banco do Nordeste (BNB) e Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul). 

No Rio Grande do Norte, os bancários da rede privada decidiram, na assembleia de sexta-feira à noite (11), acatar a proposta de reajuste salarial apresentada pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e voltam ao trabalho hoje (14). Já os bancários do Banco do Brasil, Caixa Econômica e Banco do Nordeste realizam assembleia no final da tarde da segunda-feira para decidir o futuro do movimento. A tendência é que voltem ao trabalho nesta terça-feira, dia 15, uma vez que o impasse sobre as reivindicações salariais foi solucionado e a proposta dos patrões aceitas pela categoria.

O espelho nos traz a verdade

É preciso reconhecer nossos próprios defeitos antes de julgar em vão os infortúnios alheios, ou menosprezar nossos irmãos, que não conhecemos. Não sabemos, com palavras nossas, avaliar algo sobre um irmão com quem não estamos nos relacionando em estreito círculo de amizades.

Não nos servem de estímulo palavras que difamem outrem, ditas em falso juízo, visando mérito próprio. Antes devemos reconhecer nossos próprios defeitos.

Não devemos deslizar no lodo escorregadio e traiçoeiro em que fazemos de nossas palavras críticas aos que não conhecemos e de quem a dor não sofremos.

Devemos enxergar nossos próprios erros, para que, com a nossa consciência, possamos nos conceder os méritos de corrigi-los. O que nos cabe é somente o juízo sobre nossos atos.

Não devemos nos conduzir por falsos caminhos e enganos, trazendo-nos desgastes inúteis e retardos para o nosso crescimento.

Antes de julgar a um irmão, devemos deixar-nos envolver em Amor e caridade, levando àquele palavras de Fé e Esperança. Entregue-as de bom grado, evitando fazer do próximo uma vítima de injúrias depositadas com palavras lançadas em vão.

Quem de nós poderá julgar um irmão?

Olhe no espelho e enxergue dentro de seus próprios olhos. Perceba quais são as palavras que você tem a dizer a si mesmo. Veja a expressão de dúvida no seu próprio olhar.

Vendo sua imagem refletida, você sentirá que a verdade surgirá de imediato. Pois é a sua verdade que está sendo dita. Sabedor de sua procedência, você não duvidará de sua veracidade. Será o seu interior que verá desabrochar no brilho de seus olhos.

Então, diga: será que a sua verdade lhe permite atirar a primeira pedra, no julgamento de seus irmãos?

Pois, então, expresse sempre bons fluidos e palavras de auxílio, não se entregando à prática covarde de usar críticas e julgamentos que apenas envenenam e destroem ao seu irmão. Palavras que, atingindo inocentes vítimas de nossa própria insensatez, ao expressarmos coisas de que não sabemos, difamam e destroem.

Lembre-se: sempre podemos usar de palavras sábias e sinceras, carregadas de amor e esperança, que serão mais úteis para aqueles que buscam, muitas vezes em meio ao desespero, encontrar seus caminhos.

Texto psicografado por Márcio Godofredo.


sexta-feira, 11 de outubro de 2013

CADA UM NO SEU QUADRADO...


As pessoas estão presas em suas casas assistindo ao mesmo programa que provavelmente está transmitindo uma mensagem de solidariedade, carinho, afeto e união. Mas na verdade continuam sentadas em suas cadeiras solitárias e não conseguem sair dos seus quadrados... É mais ou menos a vida contemporânea: vê-se muita gente falando sobre solidariedade e união, quando na verdade estão sozinhas e presas em suas casas.

Vidas vazias, solitárias, em busca de algo que as faça feliz, mas nada é bom o suficiente. E nunca será, pois estão tentando ser feliz da maneira, de fato, errada.

Saia do seu mundo quadrado.

Grupo de Chico Tampa rompe com a prefeita Lígia

O grupo político liderado pelo ex-prefeito de Janduís, Chico Tampa, que conta também com o atual vice-prefeito, João Neto (filho do ex-prefeito), afastou-se da prefeita Lígia de Souza, do PSDB, segundo ele, insatisfeito com a falta de compromisso da prefeita com o povo de Janduís, assumido na praça pública durante a campanha eleitoral.

 “A prefeita não está cumprindo nada do que prometeu, a exemplo de estabelecer o piso salarial para os professores e realiza uma administração desastrada. Além disso é prepotente e ameaça quem a critica dizendo que processa quem criticá-la. Age como se tivesse autoridade para processar as pessoas”, disse o ex-prefeito.

 Chico Tampa, que atualmente está no PPS, mas recebeu e aceitou convite de Henrique Eduardo para se filiar ao PMDB, denuncia também descaso nos setores de saúde e educação com precariedade no transporte de pacientes porque 2 das 3 ambulâncias existentes estão sem pneu e sem bateria. Segundo Ele, na educação a situação não é diferente com alunos sem aula porque não tem professores e a merenda escolar é de péssima qualidade. “As estradas vicinais estão intransitáveis. Mesmo recebendo uma máquina niveladora, a prefeita ainda não fez nada nesse setor”, constata.

 NEPOTISMO Lembrando que não existe nenhum entendimento com grupos oposicionistas locais à prefeita Lígia de Souza, Chico Tampa denuncia também que existe nepotismo na atual administração municipal de Janduís. “A prefeita empregou as irmãs, Sílvia Helena como secretária de Saúde, Maria de Fátima Pinto como secretária de Obras e Estela Brito como secretária de Finanças e Ação Social, além de um sobrinho conhecido por Stênio na Controladoria do município. “A atual administração de Janduís é realmente um desastre”, concluiu Chico Tampa.

 DESRESPEITO AOS PROFESSORES A presidenta do Sindicato dos Professores de Janduís, Luciene Costa diz corroborar com as declarações do ex-prefeito Chico Tampa. Ela afirma que a prefeita Lígia de Souza prometeu melhorar a educação, mas até agora nada foi cumprido. “Estou decepcionada com a prefeita e com sua maneira de administrar a cidade. Ela está desrespeitando direitos legítimos dos trabalhadores como pagamento do piso salarial e concessão de um Plano de Cargos e Salários”, observa.

Fonte: Jornal de Hoje

Lazara Maia foi Direto ao Ponto



Nesta quinta dia 10/10 recebemos no nosso programa a Vereadora do PT Lazara Maia. No bate papo a pauta era o trabalho dos vereadores do nosso município. Muito se pergunta por ai no dia a dia, nas conversas de rua, dos botequins, nas associações e entidades constituídas: para que serve um vereador? A redemocratização do País – ampliou a liberdade de expressão – fez crescer o questionamento em torno das várias instituições e órgãos públicos. No entanto, nenhuma delas tem sido tão crivada pela opinião pública quanto o Legislativo em todos os seus níveis, tanto municipal, estadual e federal.

Os vereadores são eleitos juntamente com o prefeito de um município, no qual os primeiros têm a função de discutir as questões locais e fiscalizar o ato do Executivo Municipal (Prefeito) com relação à administração e gastos do orçamento. Eles devem trabalhar em função da melhoria da qualidade de vida da população, elaborando leis, recebendo o povo, atendendo às reivindicações, desempenhando a função de mediador entre os habitantes e o prefeito. Por esse motivo os vereadores devem ser respeitados, pois eles são a voz da população e fazem as reivindicações diretas à prefeitura.

Outra importante atribuição a um vereador é a elaboração da Lei Orgânica do Município. Esse documento consiste numa espécie de Constituição Municipal, na qual há um conjunto de medidas para proporcionar melhorias para a população local. O prefeito, sob fiscalização da Câmara de Vereadores, deve cumprir a Lei Orgânica.

Dentre os questionamentos a Vereadora pôde avaliar seu mandato bem como falou das expectativas futuras, fez uma analise da atual administração e também destacou alguns aspectos sobre as criticas que o legislativo vem sofrendo nas redes sociais em relação a precariedade dos discursos e debates.




Uma das descrições mais perfeitas que já li. Emocionante!

Ontem não vi lua no céu, e hoje o sol não apareceu… Uma tristeza toma conta do meu coração neste dia porque uma pessoa essencial para a minha existência não mais se encontra no mundo dos que lutam, dos que respiram, dos que vivem. Minha avó, Francisca Geni Lopes Gurgel, respirou pela última vez ontem à noite aos 87 anos. Deus mais uma vez me fez sentir sua onipotência, provando sua existência indiscutível, quando, apesar de todos os esforços intensamente dedicados por mim e vários amigos de profissão a ela, não permitiu o resultado esperado pela família, por aqueles que estavam torcendo e rezando pela sua recuperação; com incansável e persistente dedicação de toda uma equipe de cuidadores, em aproximadamente 48h de internação ela expirou… Em determinado momento da batalha, confesso que, no fundo do meu coração, e baseando-se em conhecimentos que as letras e os estudos me permitiram adquirir, antevi o pior, de modo que o fim não esperado por nós familiares era algo claro em minha razão. Como nunca me dei por vencido em nenhuma luta da vida, trabalhei para que pudéssemos, como equipe, fazer o que sempre fiz de melhor: persistir. Apesar de não ter conseguido o êxito esperado, o que mais me conforta é saber que a sua partida não se deveu à falta de assistência em nenhum momento, e absolutamente tudo o que pudemos fazer por ela naquele momento foi feito.
 
Ela se foi em um momento, e se a vida é feita de momentos, foram vários os momentos hoje que me farão agradecer todos os dias de minha vida estar aqui entre os meus neste instante, já que vivi tanto tempo longe deles, e me permitem, assim, cada vez mais reafirmar o meu projeto de retornar para perto dos meus familiares. A família é tudo o que se tem, sempre será; deve-se tudo, absolutamente tudo, a ela. Vários momentos me comoveram desde o preciso momento que ela partiu: quando estávamos vendo o seu corpo antes do velório, minha tia, Conceição, pediu que se colocassem muitas rosas, muitas mesmo, no caixão, porque minha avó sempre gostou de estar muito cheirosa; o meu pai, João Medeiros, atentou para o fato de que ela morreu sorrindo, e naquele momento o peso da morte pareceu se suavizar em todos nós. Hoje, ao lado de irmãs, pais, tios, primos, outros avós, chegamos à sua cidade natal, Janduís, e rapidamente várias imagens da infância vieram a minha memória: várias pessoas nas calçadas, sentadas, ou deitadas em redes entre as árvores das ruas perto de suas casas, e mesmo sentadas na calçada da casa de minha avó – num interior como aquele, parece que todo dia é domingo. Várias pessoas das quais eu não mais conseguia me lembrar vieram prestar seus sentimentos e me reconheceram pelo nome e por ser o filho de minha mãe, Maria do Socorro, e diziam que muito cuidaram de mim quando eu era criança e ia para aquela cidade – infelizmente não me lembrei de muitos deles porque era muito pequeno, mas agradeci todas as vezes que vieram dizer isto. Ao entrar na casa, com o caixão na sala, o meu avô, Pedro Gurgel, com mais de 90 anos, mas ainda a pessoa mais lúcida que conheço, ao receber meu pedido de bênção, a deu e disse para mim: - Geni está tão bonita! E não há como a lágrima não cair… 

Vovó estava com um belíssimo véu azul e deitada em rosas as mais belas que já vi! Vi minha prima pequena perguntar ao meu tio porque ela estava deitada em rosas, e meu tio respondeu: - Foi porque Jesus ‘chamou ela’… E percebi a inocência da criança naquele questionamento. Andando pela casa, revi quartos em que dormi e boas lembranças; ao entrar no quarto em que meu avô dorme hoje, vi vários objetos amontoados pelas paredes, muitos mesmo, que não têm o menor valor material, mas são a vida dele, coisas velhas das quais ele não se desfaz – minha mãe é assim, e eu me reconheci e me vi claramente neste momento… Meu primo, Guilherme, falou que uma vez tentaram arrumar o quarto de meu avô, retirar esses ‘cacarecos’ de lá e ele ficou uma semana doente; ele não suporta… No final da manhã, o corpo de minha avó foi levado para a igreja da cidade e lá foi feita uma celebração; a igreja estava lotada, e músicas e orações muito nos comoveram. Durante a homilia, o celebrante, que não era padre (percebi uma aliança dourada em seu dedo anular esquerdo), citou vários grandes das letras, como Fernando Pessoa e Antoine de Saint-Exupéry, e tentou explicar o que seria a morte; no fim, falou sobre o amor. A todo momento, percebia o carinho que as pessoas da cidade dedicavam à minha avó. No meio da celebração, um senhor de 70 e pouco anos passou mal e foi respirar ar puro fora da igreja; fui até ele, tentando ajudar de alguma forma na posição de médico por perto, e perguntei o que tinha havido; ele disse que tinha sido só um ’nervoso’, porque, vendo todas aquelas coisas na igreja, e minha avó, ele se lembrava de que o tempo dele iria chegar logo, e chorou… Nesta hora, como médico, não pude chorar por fora, mas o ajudei e chorei por dentro, e percebi que a experiência dos idosos transmite grande conforto e sabedoria a nós mais jovens, e a única verdade diante de nós é a morte.
 
Ao final da celebração, perguntei a meu primo como iríamos para o cemitério partindo da igreja, como iria o caixão; ele me disse que o iríamos carregando nas mãos – senti força naquelas palavras. Saímos carregando o caixão e as pessoas se ajudavam naturalmente; a cada 1 minuto carregando o caixão, uma outra pessoa vinha e lhe substituía o lugar espontaneamente. Em um determinado momento da peregrinação, lembrei ao meu pai, chorando, que tinha feito de tudo para que aquilo não acontecesse; ele me confortou e disse sábias palavras, como sempre: '- Meu filho, quando chega o momento de ir, não tem jeito. É assim que as coisas são'. Tudo terminou sob uma chuva de rosas e cravos… E ela se foi… Ao retornar para a casa de meus avós, um carro de som passeava pela cidade informando que, em virtude do falecimento da senhora Francisca Geni Lopes Gurgel, uma filha e professora de Janduís, hoje não haveria aula nas escolas da cidade… Já em casa, pedi fotos de minha avó para guardar e vi coisas preciosas, e não estranhei a grande semelhança existente entre minha mãe e minha avó quando jovem; reforçou-se em mim que somos, realmente, como nossos pais.
 
Já perto do fim de sua vida, vovó não mais se lembrava de mim, não mais sabia que eu era seu neto, mas eu jamais esquecerei dela, devendo a ela a minha existência… Se não fosse ela, eu não seria… E hoje o sol não se levantou e não vejo lua no céu, mas uma estrela que forte brilha lá em cima não é Sirius, é vovó. Hoje, ”como uma ponte sobre águas turbulentas, ela descansou”… E para sempre… Adeus, vovó!

João Paulo Gurgel de Medeiros